Viva a água mineral

Que beber água mineral faz bem, já sabemos há muito. Mas parece que o líquido tem sido cada vez mais valorizado pelos consumidores e pelas empresas – talvez por causa da própria polêmica em torno da possível escassez no mundo, aliada às discussões sobre aquecimento global e à atual preocupação com questões ligadas à alimentação saudável e dietas. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam) informam que o consumo de água engarrafada no Brasil triplicou nos últimos dez anos.

São cerca de 400 marcas diferentes de água mineral entre nacionais e importadas. Ainda assim, os brasileiros ficam atrás quando comparados aos europeus: enquanto bebemos, em média, 30 litros de água envasada por ano, na Europa, o consumo chega a mais de 120 litros por pessoa.

Segundo o presidente da Abinam, Carlos Alberto Lancia, a porcentagem de consumo de água mineral no Brasil cresce dois dígitos a cada 12 meses há mais de cinco anos. “A perspectiva é de que haja ainda um aumento de 15%. Em 2007, foram 6,8 bilhões de litros comercializados aqui. Atualmente, o Brasil é o 10º país na lista de maiores consumidores da bebida”, destaca Lancia. “Hoje, temos 400 fontes, e o número só tem aumentado. Cerca de 30% das reservas de águas minerais do mundo estão no território brasileiro”, completa.

Quem pensa que água é simplesmente água e ponto final está redondamente enganado. Basicamente, ela pode ser a que sai das torneiras, tratada pela rede pública, a mineral natural, que é envasada direto da fonte, e a que contém adição de sais artificialmente em laboratório. Carlos Alberto Lancia ressalta que a água mineral tem propriedades medicamentosas. “É colocado na garrafa o que veio da natureza. Ela não passa por nenhum tratamento. A água da fonte entrou em contato com rochas, sedimentos, algas e outros elementos naturais que a afetam; por isso, ganham componentes como sódio, cálcio, magnésio”, descreve. O tipo de ação no organismo vai depender justamente dos sais minerais e de características físico-químicas, como radioatividade.

Entre as minerais, há diversas variedades disponíveis. Geralmente, são classificadas pelo tipo de fonte de onde vieram e pela composição química: “Há as radioativas, que ajudam a eliminar cálculos renais; as magnesianas, que ajudam a regular o intestino; as alcalino-terrosas, diuréticas, digestivas e com alto poder de hidratação; as alcalino-bicarbonatadas, que têm cálcio e favorecem a digestão, funcionando até como sal de frutas; as ferruginosas, que auxiliam nos casos de anemia; as sulfurosas, boas para quem sofre de sinusite; as gasosas naturais, que são digestivas; as oligominerais, leves, com baixo teor de sais; as fluoretadas”, enumera o presidente da Abinam. As variações dos componentes (informações nutricionais) podem ser verificadas no rótulo das garrafas.

Com tantos tipos diferentes, você ainda acha que aquela velha classificação que aprendemos na escola – de que a água é insípida, inodora e incolor – é verdadeira? Está na hora de rever seus conceitos. Sim, água tem gosto e cheiro, e isso não tem nada a ver com problemas sanitários ou falta de qualidade. Todos os elementos contidos na água mineral (e já vimos que não são poucos) influem no aroma que ela terá. “Fatores como o solo e o clima e o lugar de origem também definem o sabor e a qualidade. Águas de degelo e de fontes vulcânicas, por exemplo, vão apresentar gostos distintos”, afirma o consultor de enogastronomia e especialista em análise sensorial de bebidas Renato Frascino, considerado o primeiro “sommelier de águas” do Brasil. Isso mesmo. Renato Frascino faz degustação de água e já ministrou, no curso Universidade dos Sentidos, aulas que ensinam a avaliar o líquido. As técnicas de análise de água e de vinho são baseadas na mesma metodologia – a diferença é que a intensidade no paladar é claramente menor na degustação da primeira.

Segundo Frascino, foi-se o tempo em que a água era servida apenas para matar a sede. Hoje ela é a estrela da harmonização de pratos e drinks. “A sinfonia dos sentidos na alta gastronomia é composta por um trio: comida, bebida e água”, declara o consultor. De acordo com ele, já em 1970 havia cursos de análise sensorial de vinhos, azeites, destilados e água. Hoje, ele afirma que a sofisticação das águas de mesa vem se aprimorando e que muitas pessoas não abrem mão de escolher minuciosamente a “água ideal” para cada momento.

Fonte: www.bolsademulher.com


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